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quarta-feira, 25 de maio de 2011

Liberdade

Não foi hoje que tamanho pensamento se consolidara em minhas capacidades - trata-se disto algo antanho, de outras épocas um tanto quanto frescas de memória. Mas, não obstante, adrede foi o momento - o insight. E, importante, não sei se por convenção ou falta de rumo, palavras se fizeram por precisão, a fim de registros - ainda que desnecessárias sejam. Explico-me.
Três são os ensejos: a iminente presença do frio, meus últimos preparativos frente à véspera de uma corrida decisiva de cinco quilômetros, a semana da luta antimanicomial. O alvo de discussão - liberdade. Ah!, a liberdade... O que somos nós sem semelhante termo? (Na verdade, viveremos indiferente a quaisquer concretidões, porém uma definição de liberdade é questão vital, cedo ou tarde, para todos.)
Ilusões, utopias, ausências por completo de sentidos - significado. É inevitável; liberdade se mistura a tudo isso, de uma forma frustrante e obrigatória. Mas seria esta mesma a sua verdade? Possivelmente. Ou melhor, talvez não... Liberdade é não saber, não responder por si - desenraizar-se. É desconhecer caminhos, nutrir vontades e afogar reações (consequências). Ser/ estar livre é, sem mais nem mais, encontrar-se perdido. É, sim, o mundo à revelia...
E o que há de mal nisso? Eu vos digo - a mim é indiferente. Mas, não obstante, conceitos errôneos nos levam tão somente a escolhas equivocadas. Quando gritamos liberdade!, de fato nosso desejo primário é a perdição, a ausência de intenções?... Vejamos bem.
O que desejamos veementemente, os nossos elos intensamente carregados de ardor e pungência, pelo que gritamos de verdade é, numa palavra - e aqui, senhores, absolutamente não há distinções, uma sequer! -, o que realmente buscamos são os propósitos, as idéias (a identidade). E, não há por que protestar, de tais não se tratam a liberdade. Propósito, idéia, identidades, tudo remete a compromisso. Responsabilidades. Melhor dizendo, tratam-se de pequenas prisões aprazivelmente admitidas. Somos o que estamos dispostos a fazer. Felicitamo-nos com as vontades ferrenhamente conquistadas. Isso requer luta, sacrifícios, caminhos traçados e trilhados. Não há um dedo de liberdade nisso; no entanto, em tais condições, encontramo-nos repletos de significados. Plenos de sentido. É inegável, dizei vós, é inegável que ser livre não é o verdadeiro desejo universal (e por que não?).
Poderia ilustrar semelhante razão com inefáveis desenhos, anelos, situações. Porém não executá-lo-ei; exercerei aqui o meu direito ao egoísmo. Digo apenas sobre mim, sobre minhas prisões necessárias. O frio é uma condição, um ciclo - um tempo para reclusões, reflexões. Das loucuras alheias, insisto: saibamos lidar com as nossas; o primeiro passo - a aceitação. Por fim... A corrida? Muito bem. O lugar mais alto do pódio deve ser almejado, embora inesperado. A glória é mais apraz quando real. (Aqui, um pequeno exemplo interessante: correr é sentir-se livre? Jamais! Quando se corre, é preciso saber exatamente para onde ir.)
E assim, mais uma semana - mais uma semana... De liberdades? Não; aos diabos com elas!... Eu quero mais é prender-me a tudo aquilo que sou, que faço, que anseio.