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quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Horizontes

O que vem a ser mais imprevisível, senhores, os fatos ao meu redor ou os atos que concebo? Ah!, mas que vida indomada... É mesmo, como dizem, o mundo à revelia! Não sei mais o que pensar ou dizer - e isto, isto em plenos janeiros... -; apenas teimo com as insistências. Feito coices e mulas. Um grande mentecapto. Vastidões inconquistáveis. É bem verdade, o amanhã me assusta clamorosamente.
Porque toda vez que elaboro planos, maldosos, eles costumam praticar-me os equívocos. Perguntas, perguntas - dúvidas afinal. Nada se faz por razões. Reflexos, reações, colisões. Ah!, esse mundo não vale o mundo, meus senhores... Mas, não obstante, aonde iriam as graças, caso dois e dois fossem mesmo quatro? Não! Recuso toda e qualquer segurança... Aos diabos com as tais garantias! O horizonte? Eu tão somente enxergo montanhas!... Travessia.
Se ainda me vestissem as juventudes...
Meu tempo não mais se encontra farto; sinto-me estreito. Fino. Estou diante da janela de um ônibus interestadual, enfrentando paisagens que não modificam em nada a minha indiferença. Irrelevâncias. Minha vida ordinária e arrogante descarta os significados. Disfarces. (Ora!, quem desejo enganar?) Resultados minúsculos, ínfimas capacidades. Ousadas utopias. (De longe, este não é o quadro que desenhei para mim...) Mas, não obstante, itinerários irrevogáveis. A estrada, sempre, mais próxima do fim.
Será mesmo que não acertarei uma vez sequer a finalidade de meus passos? Outro ano, outras histórias... A mesma condição. Montanhas em meus horizontes. Dias incompletos - metades inflexíveis. Eu ando, eu corro; eu me escondo em meus tropeços. Tortuosidades. Meus amores? Abandono. Minha gratidão? Limítrofe. Direitos? Feito nuvem que se desfaz. Vontades? Ah!, senhores, tais nunca me fizeram bem... Viver, viver é o que me resta.
Ao término da viagem, um novo dia. Doze horas de sono. Rotinas retomadas. A face da derrota. (Mas como é árduo, senhores, como é árduo aceitar o próprio tamanho...) Tardes e manhãs comuns. Noites inacabáveis; promessas insaciáveis.
No entanto - e isto se trata de algo tão curioso... -, no entanto, por mais contrária que seja a intenção, sonhos ainda se formam em meus sentidos. Sonhos de conforto, de expectativa - sonhos de possibilidades. Improváveis impressões, interesses inertes. Felicidades instantâneas. Uma fagulha, senhores, nada mais que uma fagulha... Vislumbro, inconsciente, um rosto conhecido - e gestos até então impensáveis. Uma brisa agradável me desperta. Imagens nítidas, sabores inconfundíveis. Um sonho, tão somente um sonho. Mas, não obstante, um alívio imediato. De fato, um novo dia...
É bem verdade, senhores, tais ideais jamais se concretizaram em minhas realidades. Porém, suas importâncias estão aí, perante meus olhos. (Um novo dia, não foi mesmo o que eu disse antes?) Às escolhas pertence o agora. Os fantasmas do passado - que eles permaneçam todos mortos! E os prováveis novos erros? Deles nada sei. Riscos, incertezas... Acasos benquistos.
Além de minha visão, depois de todas essas montanhas, o horizonte. (Sim!, irei falar com ela, ainda que desprovido de modos e tons...) Distante, o horizonte... Um novo dia, um novo ano.