Powered By Blogger

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Carnaval

E, quando nada mais possuía peso ou forma, logo após abandonos e desilusões, passara a presenciar novas paisagens. Um mundo previsto tão somente em nuvens, infantes expectativas (ele se acostumara tanto às realidades)... Era inacreditável. Bastaram-lhe sorrisos e humildades; pronto, eis o apraz desconhecido. Dúzias de curiosidades - pessoas, lugares etc. Dinâmica afinal... Via-se diante de inefáveis identidades. Seus pés e braços; conduzira-se em liberdade. (Perdido.) Encontrara um porto; coração e alma. (Novos propósitos...) Dias feito pétalas de rosas - sabores, olores. Despojara-se de todos os recentes pesares. Efemeridades. (Ainda assim, ainda assim, um quê eternizado...) Isenções de justificativas. Um porto - uma âncora.
Subira a rampa. Um pouco deslocado, é bem verdade, mas com os sentidos aguçados. Logo, como quem tudo quer e nada espera, deparara-se com inusitados caracteres. Celebração, música - localidades. Uma cerveja (ou duas). Sentia-se bem, folgado. Conversara dissertações e galhofas. A noite descia devagar. Permanecera até o fim. Surpresas, belas surpresas lhe gratificaram a presença.
Noutra noite, ensejos mágicos. Luz de ébano. Gracejos, mistérios, conquistas, entregas. Esquecera-se por completo. Raros, únicos instantes. Situava-se ali, sozinho, distante das obrigações - não, ele não estava só... De mãos dadas ao acaso, percorria calçamentos e esquinas noturnas. Brevidades. (Um prolongado estado de utopia.) Dançara o som dos abençoados. Céu de promessas, mar de gente... Uma chuva no fim, destemida. Ébrio, suave, benquisto. Concluso.
Pisara no terreiro, admirado. Permissões concedidas. Uma nova casa. Vestira-se dos hábitos comuns. Disparado. Brincara com fantasias e percussões. Agradecido. E por momentos dos quais unicamente se percebe subjetividades, momentos que fogem do ordinário, do indiferente, por momentos assim, ele, razão e descrença, pôde jurar ter visto estrelas, deuses e faíscas. Família. (Uma família desenhada, escolhida...)
Resolvera não dormir na última noite. Receavam-lhe os sonhos; optava pelos sentidos. Num quarto que, sem anos nem planos, ainda não acreditava em sua existência, permanecera de olhos em riste. Temera pelo retorno. Necessidades, tão somente necessidades... Ousados raios de sol, uma simples janela. Reminiscências. Convites... Uma certeza, uma única certeza. (Era chegada a hora...)
Já de volta, absorvendo conformidades, formulava máscaras e desculpas. Carnavais. Mas, não obstante, quando finalmente adormecera, palavras lhe criavam os devaneios. Intensidades. Tratava-se mesmo de um lar, um inesperado e idealizado lar. Palavras. Pensares e palavras. Nada mais que palavras.
x
Respeite-se, idealize sua realidade, sinta sua felicidade, viva em música para alegrar a vida e lute por sua verdade...