Carros na rua. Frio. Noite afora.
Casais sorrateiramente espalhados pelos cantos.
O fim de uma jornada de trabalho. Quarenta e oito horas sem ocupações - sem igualmente o quê fazer...
Café. Computador. Chá. Televisão. Livros.
Um inefável sentimento de incapacidade.
A casa vazia - alguns latidos ao redor da suposta vizinhança. Outros carros em movimento.
Música para assassinar o silêncio.
A morte dos sonhos - a desilusão da esperança. Risos sem ensejos; talvez a desgraça, o infortúnio, quiçá as ausências por tanto tempo presenciadas. Um protesto. Uma revolta. Demônios internos.
Estagnação. Inércia. Desejos intangíveis, vontades irreparáveis. A evasão do tempo. Rugas, calos, cabelos grisalhos; outra morte - a da juventude.
Horas, minutos - ponteiros e números digitais. Suores, impulsos incontidos. A lascívia.
O autoconsumo. A humilhação. O fracasso. A resignação.
Um semi-amanhecer.
Insônia...
4 comentários:
Insônia é comigo mesmo!!!! Total sensação de impotência....
Uau. Descreveu com perfeição a angústia que é passar madrugadas insones, com os pensamentos em polvorosa e a sensação de que o mundo está se consumindo, e você alí...
Legal esta escrita; crua, cutucando feridas. Há dias que me sinto assim subsumida ao nada! Parabéns! Abç. Marina
..' Música para assassinar o silêncio..' belas palavras!
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