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domingo, 6 de fevereiro de 2011

Antes Que A Noite Chegue

E assim, como um quê de inexplicabilidades, transformaram-se minhas noites em estágios de um sono profundo. Tal nova e súbita condição haveria de verter consequências, além de se justificar em motivos - ambos desconhecidos até o momento. Trata-se do calor e da retomada de velhas rotinas? Não, não tão somente isso; descreio em simplicidades para mim. No entanto, reservarei a dúvida das causas para outra ocasião - por ora escolho lidar apenas com as reações, impulsivas ou não.
Não que a minha vontade se encontre prejudicada nesses dias, porém a dificuldade atual em me desvencilhar de semelhante latência, assim como de sustentar a vigília requerida pelas obrigações corriqueiras, parece amenizar as minhas capacidades. O ímpeto talvez, quiçá o temor pela ausência de atividades que tanto me é regular. Sabe-se lá... O que acontece, de uns tempos para cá, é que a minha sobrevivência a custo de produtividades e explicações meio que atingiu uma fase de inanição. (Um platô? Não, não - longe disso, senhores, longe disso...) E, coisa estranha, o que mais me sustém inquietações em tais horas é o fato de desconhecer a benevolência - e a travessura - de tamanha impressão.
Impressão esta que perdura por mais de uma semana. Incrível e atípica condição de minha parte, atravesso dias de uma serenidade imprevisível. Dias quentes. Dias leves. Despreocupações, descuidos até - desleixo ou negligência, quem sabe... Não obstante, impressões agradáveis e inéditas. Algumas resoluções não saíram como o esperado? Não importa; os meus atos continuam dizendo por mim. Não foi despertado - até então, por que não? - todo o potencial que acredito fulgir em minha essência? Faz mal não, faz mal não!... De tais momentos brandos faço minha condescendência. Ainda que se prolongue tão somente por mais este instante, esta linha que escrevo, comprazo-me com semelhante harmonia ordinária que curiosamente decide por abraçar as sombras de meus traços.
Ando aceitando antigos medos (ou seria resignação?)... Admirando pequenas linhas, nuances (uma recusa ao sublime, pode isso ser possível?)... Evitando heroísmos (uma inovadora desnecessidade?) ... Reservando-me o estado comum de viver - sei de que se trata de uma ignorância de minha parte; talvez aqui esteja ocorrendo certa mudança de opinião (afinal de contas, o que será de fato melhor, uma ventura mesquinha ou um tormento magnificente?)... Mas, não obstante, sigo sem querer saber de amanhã.
Outra semana está para se iniciar, e a única impressão que me vem é justamente a mesma. De antes, dos dias recentes. Ainda que sejam tão somente para dormir, as horas que se dão, quero-as assim. Suaves. Ainda que soe como ingenuidade ou velhice, que fique como está. Os sentimentos de agora. E nada, mais nada...
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(E isto é o que sinto agora, senhores, uma vontade incontida de confortar os corações do mundo. Mas, não obstante, cultivai a distância entre nós. Para que se mantenha a conveniência idealizada, ela se faz necessária - perturbadoramente necessária.)

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