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sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Mensagem De Natal

Quanto tempo nós possuímos? Não muito; não obstante, o suficiente. O suficiente para fazermos o necessário e o almejado. Basta agir - e pensar, e pensar... - por si. Não façamos do tempo um artigo de luxo ou motivo de revolta. Hoje não somos mais os mesmos de ontem, assim como amanhã seremos igualmente diferentes; que isto se conserve por todo o tempo - melhor dizendo, pelo tempo suficiente.
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Pois bem, uma mensagenzinha altruísta era a minha intenção inicial. Semelhante intenção se encerrou naquelas primeiras linhas - é tudo o que consigo no momento... Sinto muito em não me portar como o esperado. Sinceramente, eu sinto mesmo muito. No entanto, meus sentimentos permanecem; nunca encontrarás pessoa como eu: a ausência de preconceitos e a admissão de erros e culpas são condutas singulares. E o amor, o amor despojado - o simples e indizível estado permanente de admiração, respeito, confiança e compreensão, jamais defasado, perpetuamente cultivado -, livre e isento de condições e retribuições, esta motricidade que me leva a atos, escolhas e decisões, de fato, tal plenitude e concretidão de íntima consciência tornar-se-á única em tuas impressões. Talvez leves a vida inteira para perceber o que sou, quiçá não haja tempo o suficiente para tal realização. Não importa. Teus olhos, tão somente teus olhos neste momento - e nada mais, nada mais me faz vital, isto juro a ti - são as testemunhas de que preciso. Presencia meus mistérios - os equívocos, a dramaticidade, já conheces de cor. Um longo inverno foi vencido; meus frutos virão, ah!, eles virão... Um dia, um dia.
Tenho aversão ao passado; ver-me em melhores condições no ontem, e não no hoje, simplesmente destrói toda a minha vontade. Numa palavra, trata-se do fim. Não obstante, desgosto de criar responsabilidades para o futuro - deixo os dias como estão. E embora eu desconheça o mínimo que seja do rumo que minhas próximas atitudes tomará, sinto pela primeira vez (e isso durante um longo tempo) que de fato estou vivo. Não se trata de meu querer que tais atos se vertam em negligências e incômodos - porém, será inevitável. Ao final destes parágrafos tudo soará como uma despedida; que seja assim... Explicações não há, tampouco rusgas ou desordem. É, sim, uma despedida; voarei em direção ao novo ano - à aceitação do anonimato, do comum, do cotidiano. No entanto, lembra-te de um único dizer de minha parte e serei eterno. Feito pedra, rocha, nuances deixadas por ondas já desfeitas de mar.
Eu te prometo, estas são as minhas últimas palavras - não busques o porquê (afinal a curiosidade nunca fez parte de teus interesses). Meus pés agora são meus o bastante para seguir em frente... Nossos caminhos jamais foram os mesmos - para quê adiar novamente? Não desejo mais a agonia; os sonhos já me foram tolhidos, todos eles sepultados. A felicidade, não quero escrever sobre ela. Não obstante, continuar é preciso. Defenderei perante a morte todas as tuas vontades, mas não quero mais saber de ti. Abraço o que sou. (E que venham os dias extremos!...)
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No momento adequado, ao nosso tempo, saberemos como pensar - e agir. Isso é tudo o que importa, a única certeza que possuo. Todos nós saberemos; todos nós possuímos. Não precisamos de mais nada, de mais ninguém - a não ser de nós mesmos... Tão somente de nós mesmos.

Um comentário:

Unknown disse...

Falar sobre as mudanças que aconteceram contigo, falar sobre sua autoaceitação, sobre sua transformação, sobre o que você espera como pessoa do futuro, tudo isso foi melhor que qualquer mensagem de Natal, sinceramente. Esse trecho, especialmente, me deixou muito comovida: "É, sim, uma despedida; voarei em direção ao novo ano - à aceitação do anonimato, do comum, do cotidiano. No entanto, lembra-te de um único dizer de minha parte e serei eterno. Feito pedra, rocha, nuances deixadas por ondas já desfeitas de mar". Talvez eu tenha que perceber isso também, aprender a apreciar o novo verdadeiramente, a perceber coisas duradouras em momentos fugazes... Enfim, belíssimo texto!